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Hipertensão arterial e risco cardiovascular

A hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA)....

Hipertensão arterial e risco cardiovascular
Hipertensão arterial

A hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes. Trata-se de uma condição clínica multifatorial, que depende de fatores genéticos/ epigenéticos, ambientais e sociais.

Por se tratar de uma doença frequentemente assintomática, a hipertensão costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura.

Os fatores de risco cardiovasculares na avaliação do risco adicional do hipertenso são: sexo masculino, tabagismo, dislipidemia, idade (homem >55 anos e mulher >65 anos), antecedente familiar para doença cardiovascular(homem<55 anos e mulher<65anos), obesidade e resistência à insulina.

As principais lesões de órgãos-alvo encontradas no hipertenso são hipertrofia ventricular esquerda, aumento da espessura mediointimal de carótida>0,9mm ou presença de placa, índice tornozelo braquial<0,9 , ritmo de filtração glomerular<60ml/min/1,72m², microalbuminúria 30-300mg/24h e velocidade de onda de pulso>10m/s.

Pacientes que já possuem doença cardiovascular ou renal estabelecida possuem um alto risco cardiovascular. Dentre estas condições temos: angina ou infarto agudo do miocárdio, revascularização miocárdica, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral(isquêmico ou hemorrágico), ataque isquêmico cerebral transitório, doença arterial periférica sintomática, retinopatia hipertensiva,  ritmo de filtração glomerular<30ml/min/1,72m² ou albuminúria > 300mg/24h.

Paciente com risco cardiovascular baixo ou moderado, geralmente,  podem ser tratados com terapia não medicamentosa por 3a 6 meses, dependendo do risco. Caso não haja controle da pressão arterial deve-se iniciar o tratamento medicamentoso. Já os pacientes de alto risco têm indicação de tratamento medicamentoso imediato associado a terapia não-medicamentosa.

A terapia não- medicamentosa ou mudanças de estilo de vida consistem em: controle do peso corporal e da circunferência abdominal; manter um padrão alimentar que seja composto de frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor  de gordura, cereais integrais, frango, peixe, além de reduzir a ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar; diminuir a ingestão de sal; diminuir a ingestão de álcool, cessar tabagismo e atividade física regular. Dentre estas medidas o controle de peso corporal possui o maior impacto, reduzindo 20-30% na pressão arterial para 5% de perda ponderal.

É importante uma avaliação minuciosa inicial de cada paciente antes do início do tratamento, para definir melhor o risco cardiovascular e a forma de tratamento mais adequada. Prevenindo-se as lesões de órgãos-alvo, diminuindo, sempre que possível, o risco cardiovascular do paciente e também  protegendo-o contra a doença cardiovascular e renal, além da morte prematura.

Referências:

- Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020

-Livro: Cardiologia Cardiopapers 2ªedição: capítulos 25 e 26.

 

Hipertensão arterial e risco cardiovascular

Dr. Heider  Ferreira

Cardiologista, Clínica Médica, Ecocardiografista

CRM/MA 9263 / RQE: 2794/2795/2823