Um fator importante para o desenvolvimento do transtorno alimentar é a busca por um corpo “perfeito”, e para consegui-lo as pessoas acabam se submetendo à dietas inadequadas. Estudos epidemiológicos longitudinais demonstram que a dieta aumenta de modo considerável o risco para os transtornos alimentares. Indivíduos que faziam dieta tiveram um risco 18 vezes maior para o desenvolvimento de transtorno alimentar, do que entre indivíduos que não faziam dieta, após um ano de seguimento.

Dentre os transtornos alimentares destacam-se:

- a anorexia nervosa

- a bulimia nervosa  

- transtorno da compulsão alimentar periódica

Anorexia nervosa

Na anorexia nervosa ocorre um distúrbio da percepção corporal, o indivíduo é magro, porém se enxerga gordo, não possui a capacidade de reconhecer que está abaixo do peso e apresenta um medo mórbido de engordar. Acomete principalmente as mulheres jovens, apenas 5 a 10% dos pacientes acometidos são homens. Há um risco aumentado de morte prematura e de suicídio. E a taxa de mortalidade é 6 a 12 vezes mais alta do que a taxa de mortalidade esperada para uma população de mesma idade e sexo.

Sintomas

O início da anorexia nervosa é marcado por uma restrição dietética progressiva, com a eliminação de alimentos considerados “engordantes”, alimentos com alto valor calórico. Com a evolução do quadro as restrições alimentares vão aumentando até chegar ao ponto de se recusarem a comer qualquer alimento. Observa-se uma perda de peso sequencial e progressiva. De forma gradativa as pacientes passam a viver quase exclusivamente em função de sua dieta rígida.

Tipos

Há dois tipos de apresentação clínica, a restritiva e purgativa. Na anorexia restritiva, as pacientes comem menos e se recusam a ingerir alimentos com alto valor calórico. Na anorexia purgativa além da restrição habitual, pode haver episódios de compulsão alimentar, vômitos auto induzidos e o abuso de laxativos e diuréticos.

Tratamento

 A meta principal do tratamento de uma paciente com anorexia nervosa é a restauração de um peso saudável. E para que isso ocorra deve haver a integração das abordagens clínica, psiquiátrica, psicológica e nutricional. Deve se tratar complicações clínicas, aumentar a motivação para o tratamento, oferecer informações sobre hábitos alimentares e alimentação saudável, corrigir pensamentos disfuncionais, tratar condições psiquiátricas associadas, facilitar o envolvimento familiar e prevenir recaídas.

Bulimia nervosa

Outro transtorno alimentar é a bulimia nervosa. Ela se caracteriza pelo medo mórbido de engordar, por um ou vários episódios de compulsão alimentar e pela indução de vômitos ou uso de laxantes. Também é mais comum em mulheres jovens. Raro em homens, ocorrência de 1 caso para cada 10 casos em mulheres.

Sintomas

As pacientes com Bulimia Nervosa, apresentam episódios recorrentes de compulsão alimentar, comem uma grande quantidade de comida em um curto intervalo de tempo, e depois para aliviar a culpa e o medo de engordar, recorrem a um comportamento compensatório, que geralmente é o vomito em 90% dos casos.

Uma complicação psiquiátrica comum das pacientes bulímicas é o abuso de substancias, tanto de laxantes e diuréticos como de drogas lícitas e ilícitas.

Tratamento

A meta principal do tratamento, é a eliminação ou a redução dos episódios de compulsão alimentar e os comportamentos inadequados, como os vômitos auto induzidos, abuso de laxativos e diuréticos. E para isso é necessário um acompanhamento multidisciplinar com o psiquiatra, psicólogo e nutricionista.

Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica

Por fim existe o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica. Pacientes com esse transtorno apresentam episódios de compulsão alimentar periódica, mas não praticam comportamentos compensatórios para perda de peso. Há um acometimento maior dos homens em comparação com os outros dois transtornos alimentares, a razão é de 3 mulheres para cada 2 homens. E é mais prevalente em pessoas obesas.

Sintomas e Tratamento

Geralmente pacientes com Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, apresentam um quadro depressivo associado e também estão mais suscetíveis ao abuso de drogas. O tratamento também deve ser multidisciplinar, para obter o resultado satisfatório.

Portanto é preciso um diagnóstico e tratamento precoces, para evitar ou amenizar complicações clínicas e psiquiátricas, desencadeadas pelos transtornos alimentares. Para garantir o sucesso do tratamento é necessário o acompanhamento multidisciplinar dos seguintes profissionais: psiquiatra, clínico geral, psicólogo e nutricionista.

Dra Leidiana Fortaleza

CRM 5656 RQE 2061

GRADUAÇÃO: PUC - PARANÁ

RESIDÊNCIA: SANTA CASA DE SÃO PAULO